No último domingo, dia 19/08, a Folha de Londrina trouxe uma entrevista muito interessante sobre o assunto. O convidado para esclarecer algumas dúvidas foi o investigador Marcio Rodrigues, que é especialista em prevenção às drogas.
Destacamos aqui alguns aspectos bastante relevantes, que podem ajudar aos pais e professores nesta luta.
‘‘Os traficantes não estão aliciando usuários de drogas, mas sim pessoas para vender porque se você perguntar para o seu filho se ele quer fumar maconha e cheirar cocaína, possivelmente ele vai responder que não, mas se perguntar se quer dinheiro, provavelmente vai falar que sim’’, declara.
Para o investigador, o governo tem a obrigação de promover políticas de prevenção às drogas, mas os pais não podem esquecer que têm uma responsabilidade intrínseca de cuidar dos filhos, educá-los e orientá-los sobre o uso de entorpecentes.
O que motiva o uso de drogas?
A vontade do agente. No meu entendimento, não há um motivo específico para a pessoa usar drogas porque pode ser por curiosidade ou por pressão do grupo, por exemplo. Mas todas essas ações secundárias partem de uma primária que é pura e simplesmente a vontade, visto que ninguém está obrigado pelo traficante a usar a droga. A pessoa pode ser aliciada ou convencida, mas essas ferramentas fazem apenas com que ela opte pelo uso.
Qual é o papel da família na prevenção?
Os pais, os professores, os policiais, os comunicadores, os líderes comunitários, os religiosos, enfim, todos nós devemos dar suporte às pessoas saudáveis para que, no momento da oferta da droga, possam optar sozinhas pelo não uso ou comercialização. Hoje em dia, a política do ‘‘faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço’’’ não funciona mais. O exemplo é fundamental. Pode ser que o pai e a mãe nunca falem com o filho sobre drogas e ele nunca se envolva, mas também acontece de os pais falarem sempre sobre isso e o filho se envolver. Não tem uma regra específica, porém, um bom exemplo dentro de casa e uma diretriz clara de procedimentos, respeito e afetividade podem fazer a diferença na rua quando alguém tentar aliciar o filho de alguma forma.
A partir de qual idade os pais devem começar a tratar o assunto?
Desde que o filho é recém-nascido. Não se deve pegar a criança no colo com hálito de cerveja, com cigarro na mão, e também deve-se evitar deixá-la em ambientes onde há pessoas fumando. Desde que o filho nasce, transmitimos a ele os ideais de vida e de educação, mas quando ele cresce um pouco, abrimos o portão de casa e o colocamos na escolinha e em outras atividades. A partir deste momento, em que se inicia o convívio social, a fiscalização deve ser redobrada e os percalços de defesa devem ser atuantes todos os dias. É necessário ter atitudes que mostrem que é importante ficar longe do mundo das drogas.
Como prevenir o uso de entorpecentes?
Informação desde criança é a palavra-chave. Sem dúvida, quem é informado desde pequeno terá menos probabilidade de usar entorpecente. Mas a informação deve ser assertiva, coerente, de acordo com a realidade que acontece fora de casa. Não se deve falar coisas fantasiosas, que maconheiro vai repetir de ano, que vai morrer, vai ter câncer, porque o filho pode ter um amigo que usa maconha há 10 anos, namora todo mundo, tem nota boa, ganhou carro zero do pai e não aconteceu nada disso.
Fonte: Folha de Londrina. Folha Entrevista, p.3 - 19/08/2012.